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Maracatu de Chico Rei- Franscisco Mignone (1933)

Uma música tocada com instrumentos europeus, mas de cores e ritmos bem afro-brasileiros.

Versão da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais
Quadro: Chico Rei, Rei Congo do artista Marcio Cintra

A música foi composta inspirada na lenda de Chico Rei. O argumento da obra foi redigido pelo escritor Mário de Andrade nestes termos: “A História do Brasil registra o caso de uma tribo africana aprisionada em sua terra e mandada num navio negreiro pro Brasil. Aqui, os componentes da tribo foram vendidos como escravos, em Minas, mas o rei da tribo, que recebera aqui o nome de Chico, conseguiu com o seu trabalho alforriar-se. Continuou trabalhando e alforriou a sua mulher, e juntos, continuaram libertando todos os membros restantes da tribo. Foram esses libertos, a tribo de Chico Rei, que formaram, em Ouro Preto, a confraria do Rosário, e aí ergueram famosa igreja da Senhora do Rosário, com seu trabalho e seu dinheiro. Nos dias de festas, festas sempre misturadíssimas de catolicismo e feiticismo africano, os negros vinham em cortejo, dançando (Maracatu se chama no Nordeste a esses cortejos coreográficos) até a igreja. Na frente desta havia uma pia, aí deixando o ouro, que servia para as despesas de construção. O bailado, baseado nessa tradição histórica, apenas modifica esse final da tradição, fazendo o ouro deixado nesse dia, servir para alforriar os seis membros da tribo que ainda aparecem como escravos. Isso permite ainda o aparecimento de dois personagens brancos (com o seu séquito), o que trará mais diversidade e permite o emprego episódico e descansante, de música de caráter europeu.”

Sobre o compositor:

Francisco Mignone foi um compositor, pianista e maestro brasileiro, amplamente reconhecido como um dos pilares da música clássica brasileira do século 20, ao lado de figuras como Heitor Villa-Lobos e Claudio Santoro. Nascido em 3 de setembro de 1897, em São Paulo, ele teve uma carreira prolífica e influente que incorporou tanto elementos da música erudita como do folclore brasileiro.

Aqui estão alguns destaques sobre Francisco Mignone:

Francisco Mignone
  1. Formação: Mignone começou sua educação musical com seu pai, imigrante italiano e músico, e continuou seus estudos no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo. Mais tarde, aprimorou suas habilidades na Europa, incluindo estudos no prestigioso Conservatório de Milão.
  2. Estilo e Influências: Mignone é conhecido por sua habilidade em mesclar o estilo clássico europeu com as tradições musicais brasileiras. Ele se inspirava em gêneros populares, como choros, sambas e maracatus, infundindo-os em suas composições orquestrais e de música de câmara.
  3. Obras Importantes: Entre suas composições destacam-se obras como “Festa das Igrejas”, “Congada”, além de seus balés, sinfonias e uma série de peças para piano e música vocal. Seu “Maracatu de Chico-Rei” é particularmente notável por sua evocação de ritmos e temas africanos.
  4. Carreira e Reconhecimento: Ao longo de sua vida, Mignone ocupou importantes posições pedagógicas e recebeu diversos prêmios e honrarias, refletindo sua importância no cenário musical. Ele também foi membro da Academia Brasileira de Música.
  5. Legado: Francisco Mignone deixou um legado duradouro que continua a influenciar músicos e compositores no Brasil e em todo o mundo. Seu trabalho desempenhou um papel fundamental na definição da identidade da música erudita brasileira, celebrando suas raízes culturais ao mesmo tempo que adotava uma linguagem musical universal.

Mignone faleceu em 19 de fevereiro de 1986, no Rio de Janeiro, mas sua música ainda ressoa, permanecendo uma parte vital do repertório clássico brasileiro.

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